Vicariato Episcopal Norte




terça-feira, 20 de setembro de 2011

Animação Bíblica e Pastoral - D.Eugênio Rixen

Animação Bíblica e Pastoral
A poucas semanas do Congresso Nacional sobre a Animação Bíblica da Pastoral 
que acontecerá em Goiânia (GO) de 08 a 11 de outubro, gostaria de insistir sobre 
a importância da Bíblia para toda atividade evangelizadora da Igreja.
O Frei Bernardo Cansi, grande catequeta, dizia, pouco antes de morrer: 
“Digam aos catequistas: ‘amem, amem a Bíblia’”. O que é válido para a 
catequese, também o é para todos os movimentos e pastorais.
Para nós cristãos, a Bíblia é Palavra de Deus. Através dela, Deus 
se comunica conosco. A finalidade da leitura da Sagrada Escritura 
é o encontro com o próprio Jesus, Palavra de Deus encarnada 
no meio de nós. Através da vida de Jesus, podemos ver o rosto do Pai.
A Bíblia revela também o homem a si mesmo. É um espelho 
que reflete nossos sentimentos e atitudes. Ilumina nossa própria 
humanidade. Nossos afetos e comportamentos, como nossas 
alegrias e sofrimentos encontram nos textos bíblicos uma luz 
de dar sentido ao que vivemos. A leitura da Palavra de Deus 
ajuda a humanizar as nossas vidas. E tudo o que é vivido profundamente 
abre as portas para divinizar nossa existência.
No entanto, acredito que não é qualquer leitura que propicia isso. 
Uma leitura fundamentalista – ao pé da letra e fora do contexto
 – pode ser um veneno para a nossa fé. Por isso é de fundamental 
importância um estudo sério dos textos bíblicos através do que a 
 hermenêutica moderna nos oferece. A análise histórico-crítica 
e o conhecimento dos gêneros literários da época são fundamentais 
para uma verdadeira interpretação. Mas isso não é suficiente, 
precisamos ir além destes tipos de análises e ver o significado 
mais profundo do texto: o que Deus quis nos revelar. O que chamamos 
de leitura teológica ou espiritual. Disse Bento XVI a esse respeito:
Somente quando se observar os dois níveis metodológicos, 
hitórico-crítico e teológico, é que se pode falar de uma exegese teológica, 
de uma exegese adequada a este livro1. Estudar a Bíblia não basta. 
Mesmo que isto seja fundamental, é preciso ainda descobrir o 
sentido profundo do que Deus nos quer comunicar através do texto.
A Palavra de Deus é vida. Por isso os santos são os melhores 
intérpretes da Bíblia. Olhando suas vidas, descobrimos que é possível 
viver os valores do Evangelho, reescrevê-los com a própria vida, 
como dizia Charles de Foucauld. Ainda escreve Bento XVI 
a este respeito: “...que a nossa vida seja aquele ‘terreno bom’ 
onde o Semeador divino possa semear a Palavra para que 
produza em nós frutos de santidade...”2.
A insistência sobre a animação bíblica de toda a pastoral foi 
uma grande contribuição da América Latina no Sínodo dos Bispos 
sobre a Palavra de Deus na Vida e na Missão da Igreja (2008). 
Com efeito, a Bíblia está presente na liturgia onde ela alimenta os 
fieis. “Realmente presente nas espécies do pão e do vinho,  
Cristo está presente, de
(1)Bento XVI, Exortação Apostólica Pós-Sinodal, Verbum Domini, 
São Paulo, Ed. Paulinas, 2010, nº 34.
(2) Ibid, nº 49
modo análogo, também na Palavra proclamada na liturgia3
Em outras palavras, na liturgia Palavra celebrada é sacramento 
da presença de Cristo.
A Bíblia é também a referência central na catequese. Como Jesus Ressuscitado, 
os catequistas são chamados a aquecer os corações dos catequizandos ao 
explicar as Sagradas Escrituras4. A iniciação à fé encontra na Palavra 
de Deus um caminho seguro para amadurecer as pessoas na vida cristã, 
qualquer que seja a idade.
O estudo bíblico não deve parar quando se termina a catequese. 
Necessitamos encontrar caminhos para uma formação continuada 
ou permanente. Como a vida sempre traz novos questionamentos, 
 novas respostas também precisam ser procuradas na Palavra de Deus. 
Pequenas comunidades reunidas com frequência em volta da Bíblia 
ajudam muito no crescimento da fé. A troca de experiências 
faz crescer o entendimento das Sagradas Escrituras.
Todas as pastorais, todos os movimentos e todas as associações 
são chamadas a uma conversão pastoral, colocando a Bíblia no 
centro dos seus estudos e orações.
A Bíblia é o primeiro livro de oração. Hoje, fala-se muito da 
leitura orante ou lectio divina. Mais importante que os métodos 
– mesmo se eles são importantes – é o fato de que a Palavra de Deus 
ajuda os fieis a entrar na intimidade com Deus, a enamorar-se d’Ele5.
Não basta apenas escutar a Palavra, é urgente colocá-la em prática. 
É necessário “traduzir em gestos de amor a palavra escutada, 
porque só assim se torna crível o anúncio do Evangelho, apesar 
das fragilidades humanas que marcam as pessoas6.
Desejo que o 1º Congresso Nacional de Animação Bíblica possa 
entusiasmar os participantes para que a Palavra de Deus seja 
conhecida, amada e vivida.
Dom Eugênio Rixen Bispo de Goiás
Goiás – GO, 01 de setembro de 2011.