Assim, não podemos deixar de falar um pouco do Frei Carlos Mesters, este nobre frade carmelita que sabe como ninguém, falar de Bíblia. Impensável fazer estudos bíblicos sem a mediação desse teólogo que recusa homenagens dizendo que: “Quem merece incenso é o povo”.
Carlos Mesters é frade Carmelita, doutor em Teologia Bíblica. É natural da Holanda e ligado à caminhada das Comunidades Eclesiais de Base, ajudou a criar o CEBI (Centro de Estudos Bíblicos). Escreveu, entre outros, Esperança de um povo que luta (São Paulo: Paulus, 1983), Com Jesus na contramão (São Paulo: Paulinas, 1995),Círculos bíblicos (São Paulo: Paulus, 2001),Paulo apóstolo: um trabalhador que anuncia o evangelho (São Paulo: Paulus, 2002),Bíblia: livro feito em mutirão (São Paulo: Paulus, 2002), Por trás das palavras(Petrópolis: Vozes, 2003), entre tantos outros. Frei Carlos Mesters foi assessor na XII Assembléia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos, que aconteceu de 5 a 26 de outubro de 2008, no Vaticano.
Neste ano, do dia 20 de outubro, Frei Carlos Mesters, completa 80 anos de vida. Grande parte dela dedicada aos estudos bíblicos e mais especificamente ao CEBI – Centro de Estudos Bíblicos que, para homenageá-lo, junto com a Província Carmelita Santo Elias, chegou mesmo a pensar num livro, já que Frei Carlos resiste a grandes e pomposas homenagens. A proposta do livro acabou sendo descartada, pois, o total de colaboradores e colaboradoras seria tal que mais de mil páginas seriam necessárias.
Assim, ainda com alguma resistência, Frei Carlos aceitou que se mensagens fossem enviadas através da internet, num espaço amplo e democrático, para que todas as pessoas pudessem participar. Assim pensou-se num blog, onde as pessoas que desejarem possam deixar mensagens de agradecimentos, congratulações e homenagens. Fotos e pequenos vídeos também poderão ser postados. Clique aqui e visite agora mesmo o Blog - Carlos Mesters 80 anos.
Frei Carlos Mesters é um dos Palestrantes convidados para I Congresso de Animação Bíblica de Pastoral que acontecerá em Goiânia –GO de 08 a 11 de outubro de 2011.
Algumas contribuições de Frei Carlos Mesters:
“A riqueza deste método é que a leitura orante da Palavra de Deus provoca no povo um contato direto com a Bíblia, sem intermediários, num ambiente comunitário de fé, dentro da realidade do dia-a-dia da vida. Deste modo, vai nascendo um confronto entre Bíblia e Vida. A Bíblia se torna um espelho, no qual as pessoas descobrem dimensões mais profundas da sua própria vida que antes não tinham percebido. Você pergunta: “Qual o seu limite?”. Tudo o que é humano é limitado. Um limite aparece quando os participantes do Círculo Bíblico se fecham em si mesmos e esquecem a realidade da vida ao redor. Pois a Palavra de Deus não está só na Bíblia, mas também na Vida, na natureza, nos fatos, em tudo que acontece.”.
“Todas as hermenêuticas que ajudam o povo a descobrir a presença da Palavra de Deus na vida são importantes: a hermenêutica feminina, a negra, a indígena, a leitura que os pobres fazem da Bíblia, enfim, tudo que faz a gente olhar os textos com um olhar a partir da realidade das pessoas. Resumindo, acho importante seguir os três passos do método ou da hermenêutica que Jesus usou com os discípulos na estrada de Emaús. O primeiro passo: aproximar-se das pessoas, escutar sua realidade e seus problemas; ser capaz de fazer perguntas que as ajudem a olhar a realidade da vida com um olhar mais crítico (Lc 24,13-24). O segundo passo: com a luz da Palavra de Deus iluminar a situação que os fazia sofrer e os levou a fugir de Jerusalém para Emaús; usar a Bíblia para fazer arder o coração (Lc 24,25-27). O terceiro passo: criar um ambiente orante de fé e de fraternidade, onde possa atuar o Espírito que abre os olhos, faz descobrir a presença de Jesus e transforma a cruz, sinal de morte, em sinal de vida e de esperança. Assim, aquilo que antes gerava desânimo e cegueira, torna-se luz e força na caminhada (Lc 24,28-32). O resultado do uso da Bíblia é o de criar coragem e voltar para Jerusalém, onde continuam ativas as forças de morte que mataram Jesus, e experimentar a presença viva de Jesus e do seu Espírito na experiência de Ressurreição (Lc 24,33-35). O objetivo último da Leitura Orante da Bíblia ou da Lectio Divina não é interpretar a Bíblia, mas sim interpretar a vida. Não é conhecer o conteúdo do Livro Sagrado, mas, ajudado pela Palavra escrita, descobrir, assumir e celebrar a Palavra viva que Deus fala hoje na nossa vida, na vida do povo, na realidade do mundo em que vivemos (Sl 95,7); é crescer na fé e experimentar, cada vez mais, que “Ele está no meio de nós!”
(Trechos de entrevista concedida à Revista do Instituto Humanista Unisinos, em out/2008).
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